Olá! Faz tempo que eu não apareço por aqui...
Ano passado eu fiz uma grande mudança na minha vida, de repente larguei as certezas que eu tinha na vida e parti pra realização dos meus sonhos... na verdade eu já havia começado a realizar alguns sonhos bem antes, fui caminhando passinho por passinho e respeitando meu tempo e a coragem que chegava aos poucos e muito timidamente... mas ano passado larguei a certeza de um emprego fixo, pra enfim me dedicar à minha essência e à minha arte.
Na verdade, pareceu fácil sair da estabilidade, porque no fundo a minha alma nem estava mais lá... mas no decorrer do ano, com a nova rotina e os novos desafios aparecendo eu fui vendo o quanto eu tinha me posto pra fora da minha zona de conforto e o quanto tudo me assustava apesar do grande tesão que eu sentia... só que eu também sentia culpa por isso.
A gente vê muito por aí as pessoas dizendo que você precisa seguir sua essência, trabalhar com o que realmente te faz feliz, etc etc etc... mas na real, quem te fala da dificuldade de fazer essa escolha?
Eu não vou ficar aqui me lamentando de ter feito, porque eu não me arrependo em absolutamente nada, mas fácil não foi... eu abandonei a certeza de um salário mensal, pela instabilidade de não saber quando ia ter trabalho e dinheiro, sabendo que os boletos não deixariam de chegar, sabendo que talvez meu nome ficasse sujo, que eu teria que lidar com cobranças, inclusive as sociais... "mas nossa, você com 34 anos, estudando, ah, mas teatro? E isso dá dinheiro? E que horas você trabalha?" ... entre tantos outros absurdos que eu aprendi a ignorar!
Esse blog, como já escrevi em textos anteriores, também é a realização de um sonho, e parte da minha essência, escrever aqui faz bem pra minha alma. E isso não é pretensioso de forma alguma, eu sempre deixei claro que não sou especialista em nada e que esse espaço é pra falarmos sobre coisas... inclusive você que está lendo pode deixar seu comentário pra gente interagir, e quem sabe até me dar uma ideia de um assunto, tema que você gostaria que eu falasse...
Mas voltando a minha mudança, eu ainda me sinto no meio do furacão que virou a minha vida, e no fundo não acho ruim, é que ainda não consegui me organizar bem pra poder voltar a escrever com alguma regularidade, espero que você entenda e seja paciente comigo...
Eu me cobro muito sabe? E não gosto de me envolver nas coisas pela metade ou de qualquer jeito, eu gosto de por a minha alma no que eu faço, gosto de estar apaixonada, completamente tomada pelas coisas que vou realizar, e por isso não quero escrever aqui apenas por escrever.
E como eu me cobro, eu me culpo (coisas dessa criação católica - cristã que recebemos em nossa cultura latina) mas eu já estou trabalhando em me libertar disso!
Mas na real, toda essa introdução foi pra dizer um pouquinho do que me ocorreu, talvez eu escreva mais sobre isso depois, ou não... o mais importante não é o que me aconteceu nesse tempo que estive distante daqui, e sim o que me trouxe de volta: O PODER DA AMIZADE.
É por causa de muitas conversas com uma amiga que eu consegui voltar aqui, sobre tantas coisas que vivemos juntas e que rimos e choramos juntas que eu me vi convencida de que eu precisava voltar aqui... não por ninguém, mas por mim mesma - eu sei que é meio egoísta falar isso, e talvez até seja, já peço perdão por isso - porque de fato, eu sinto a necessidade de dizer coisas que eu penso, que eu sinto, que me atravessam, e trocar com as pessoas... e eis me aqui novamente! Ela já está comemorando que eu sei, e é isso sabe? Fazia muito tempo na minha vida que eu não me permitia viver uma amizade... e ela, e outros amigos, desde o ano passado, tem me estendido as mãos e me ajudado a atravessar e encontrar essa nova eu que eu me permiti ser, e eu nem tenho palavras que consigam expressar o que eu sinto por cada um deles e também sei que nem de longe eu consigo mostrar pra cada um o quanto são importantes...
E aí eu vim aqui falar da minha vida pra você, porque o tempo que vivemos hoje é muito difícil de atravessar sozinho, muitos de nós estamos doentes, amputados emocionalmente, cheios de feridas, de dores, depressivos, ansiosos... e quanto custa ser amigo dos nossos amigos? Será que a gente ainda consegue encontrar as pessoas que amamos presencialmente ou a gente vai deixar a vida se tornar um eterno "vamos marcar de sair?" Será que não é por isso que estamos adoecendo? Será que tudo o que ocupa o nosso tempo é tão importante assim?
Tudo em nossa vida, todas as escolhas que fazemos, escolhemos de acordo com nossas prioridades... quando a nossa prioridade serão nossos amigos e pessoas que amamos? Isso também é um jeito de cuidar da gente, será que só no fim vamos nos lembrar arrependidos das cervejas que não tomamos juntos, dos cinemas que não fomos, dos aniversários que só mandamos um parabéns virtual?
Ainda dá tempo de mudar, e se cada um fizer um pouquinho, talvez a gente espalhe mais amor e revolucione esse mundo doente, pode ser um sonho meu, mas já pensou?
PRISCILA KLESSE
