terça-feira, 18 de julho de 2023

UM AGRADECIMENTO...


    Tem algumas pessoas que eu não conheço de verdade, não presencialmente e nem cheguei a conversar com elas... ou pelo menos elas nem sabem da minha existência, mas eu sei da existência delas e através de seus textos, de seus vídeos, elas salvam a minha vida muitas vezes.

    Muitas já nem estão mais entre nós e eu nem posso agradecê-las, outras me parecem tão distantes que mesmo que eu utilize das redes sociais pra enviar uma mensagem, nem sei se vão ler, e algumas por serem de outra cultura, falarem um outro idioma, eu nem me atrevo a escrever pra elas.... 

    Mas eu queria dizer obrigada, e queria dar um abraço em cada uma... E melhor ainda seria se um dia eu pudesse tomar um café, papear, rir um pouco, chorar também, pq não... vai ver é por isso que eu fiz tantas entrevistas no perfil do instagram deste blog... vai ver é por isso que eu passei a dizer o que eu sinto para as pessoas, mesmo que elas não entendam... 

    Também quero agradecer a você que lê as coisas que posto por aqui, seja diretamente no blog, no facebook ou no instagram... eu também gostaria de tomar um café com você, papear e talz (se é que nós já não temos feito isso, rsrs), os encontros são muito importantes para mim.    

    A pandemia, a doença, essa sensação de que a morte estava do nosso lado, me fizeram pensar: "e se eu não ver mais tal pessoa?", "e se eu for embora, terei dito tudo o que eu queria dizer?" 

    Na verdade, como já disse num outro texto, a morte não esteve mais perto na pandemia, ou agora..., ela sempre esteve, é que durante a pandemia ela ficou mais perceptível, pelo menos para aqueles que perderam pessoas...

    Enfim, já te deixo aqui meu obrigada, por você ter lido isso até o fim, você é mais importante na minha vida do que eu mesma consiga mensurar... ainda mais em tempos de likes e algoritmos que tornam nossas relações online também capitalizadas... mas isso é papo pra outra hora... 

    Desejo que você fique bem, se cuide, cuide dos seus, beba água, tome um solzinho, e aprenda a amar a sua própria companhia também.


*esse texto, o esboço dele, nasceu em 2020, estava guardado aqui... fiz um ajustes e postei, talvez ainda faça sentido...


PRISCILA KLESSE

segunda-feira, 10 de julho de 2023

CARTA ABERTA AOS DESERTORES DE SI MESMOS (E QUE NEM SABEM QUE O SÃO, EU ACHO...)


     Primeiramente quero dizer que lhes escrevo porque me identifico com vocês, e porque escrever para vocês, de alguma forma é escrever para mim mesma... 

    O principal disparador que me moveu a este ato é a sequência de coisas que vi e ouvi de e sobre pessoas que não compreendem, não valorizam ou não percebem o potencial que têm e acabam tomando caminhos que, para quem vê de fora, não fazem sentido.

    Eu sei que faço escolhas que para os olhos dos outros não tem sentido algum, mas pra mim naquela hora tem, ainda que nem eu mesma entenda direito. Porém, mesmo sabendo que assim pode ser com outras pessoas, eu tenho muita curiosidade e vontade de conversar com algumas delas e perguntar algumas coisas na tentativa de compreender a razão de determinadas escolhas que elas fazem e situações a que elas se sujeitam sendo que pra quem ta vendo de fora, não tá fazendo sentido...

    Mais uma vez, gostaria de lembrar a vocês que estão lendo isso (se é que alguém ainda lê), que eu não sou e nem me considero um 'alecrim dourado' e nem a pessoa que super entende dos assuntos e do comportamento humano... as minhas reflexões são sempre a partir de onde eu estou, de onde eu vejo e sempre procurando ser o mais empática possível.

    Tenho a oportunidade de ser atriz há uns 16 anos ou mais, não tenho certeza, com a honra de ensinar teatro há 10 anos, com o privilégio de ter feito 2 universidades, sendo a primeira em História e a segunda em Teatro, numa universidade pública, e sempre me atravessaram as questões de expressão corporal e essa linha de pesquisa, além do que é criado coletivamente e em comunidade... Enfim, não estou dizendo tudo isso porque "nossa, como sou foda", não, é só uma tentativa de me entender e de tentar que você que está lendo tenha uma ideia de onde estou partindo na minha reflexão.

    Pois bem... Sempre fui uma pessoa muito observadora, e ensinar teatro me possibilitou ficar ainda mais atenta às pessoas e as formas com que nos expressamos, principalmente sobre a linguagem corporal que muitas vezes é mais forte do que as palavras ditas verbalmente pela pessoa... é aqui que começa a minha problematização...

    No teatro eu já trabalhei com muitas pessoas, vi colegas de cena, cheios de potencial, criando condições desfavoráveis a eles mesmos, se sabotando e não valorizando o que estavam criando ou suas capacidades criativas (já fiz isso comigo também), vejo alunos, nos cursos que dou, não se permitindo e buscando desculpas para justificar a não permissão de si... é gente que se matricula, vai em algumas aulas e começa a faltar e vai arrumando desculpas mas não sai de vez, não entende que talvez não seja a hora... é gente que não perde uma aula, um ensaio, mas não gosta de fazer o aquecimento, acredita que conhecer o próprio corpo é pura bobagem e tantas outras situações...

    Eu já fiz, e acho que ainda faço umas coisas assim comigo mesma, mas de uns tempos pra cá eu tenho tentado desistir das coisas que não são ou não estão boas para mim ao invés de desistir de mim, sabe?

    Me mantive em lugares, em coletivos artísticos que por algum tempo foram muito importantes para mim e guardo memórias incríveis, mas levei tempo demais para perceber que o que eu busco não estava ali... e hoje, depois de ter dado uma aula, voltei pra casa com essa questão: "Por quê escolhemos nos manter em certos lugares que nós só criticamos?

      Eu ainda não sei a resposta, mas dessa pergunta nasce toda essa carta...

   Eu não sei também se é nítido para todos nós o por quê nos matriculamos num curso ou frequentamos um grupo, mas é certo que quando vamos para um lugar estamos esperando algo, seja o encontro com outras pessoas, fazer amigos ou soltar o corpinho, não sei, mas eu costumo saber o que busco e quando o lugar ou a situação já não estão mais fazendo sentido para mim eu avalio bastante e se vejo que o melhor é me distanciar, me distancio... entendo que posso inclusive estar atrapalhando o desenvolvimento do coletivo com a minha presença ali... me sinto como se o grupo estivesse querendo ouvir samba e estou tocando rock... (mas isso não foi sempre assim, ainda estou aprendendo).

    Mas, de novo, eu não sei sobre as pessoas, sobre como é para cada um... mas me chamou a atenção um jovem que fala bastante, tem opiniões interessantes na maioria das vezes, me parece alguém que gosta muito de arte, mas que se sabota e ainda cria problemas para criar, cria empecilhos, racionaliza tudo, chega a parecer uma máscara... talvez seja isso o que façamos, criamos problemas, questionamentos e autossabotagens para não precisarmos olhar para as nossas fragilidades e usamos da desistência de nós mesmos para não alcançarmos o que queremos...

    Espero que a gente melhore!

    Não acho justo que façamos isso com a gente mesmo!

    Não acho justo não estarmos inteiros e presentes de verdade nas coisas que nos propomos a estar... sei lá, às vezes a gente pode estar fazendo as coisas de qualquer jeito com medo do sucesso que aquilo pode nos trazer, ou a gente não desiste de vez, e vai embora pra poder justificar que não deu certo porque a professora é ruim, o lugar não é acolhedor como se diz, ou qualquer outra justificativa que culpe o outro e não me responsabilize de forma alguma pela parte que eu não me entreguei ao processo e ao encontro.

Difícil, eu sei...

    Longe de mim querer concluir algo... só queria compartilhar essa carta, esses pensamentos com vocês e quem sabe, se alguém ler, me mandar uma resposta que me ajude a ver outros pontos e elucidar meus pensamentos...

(em tempos que ninguém lê, essa carta ficou grande demais).

PRISCILA KLESSE 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

...


 

Será que de fato amamos alguém?

Será que é por alguém que nos apaixonamos, ou pela ideia desse alguém que criamos e nos encantamos?

De novo Priscila?

De novo apaixonada por uma projeção, por uma ideia de um alguém que não há como saber se é assim realmente...

Nem vivendo com uma pessoa eu consegui saber quem ela era...

E agora?

O que fazer?

Quero seguir, experimentar...

Arriscar como o ser dessa paixão me diz...

Ah, esse sentimento é tão gostoso de sentir...

Ainda que possa ser falso, não acredito que seja, mas embora e muito provavelmente não correspondido na mesma intensidade, é tão bom de sentir, é tão bom me perceber assim...

Em meio ao caos, algo pra respirar mais fundo...


*achei esse texto perdido numa gaveta que tava trancada e tenho me permitido abrir... ele é antigo, poderia ser atual, poderia não ser... enfim... quis trazer pro mundo...


PRISCILA KLESSE