Tenho pensado muito na morte.
Acho que sempre pensei, mas agora talvez de forma mais latente, mais evidente.
Outro dia pensei que a melhor forma de viver deve ser fazendo as pazes com a morte e aceitando o inevitável.
Mas não consegui ter certeza.
Ou talvez só não consiga aceitar.
Tenho meus momentos de desespero sobre esse assunto, principalmente diante do que vivemos.
É insuportável pensar que mesmo com todos os cuidados, estamos correndo risco e os nossos também...
Num dia está tudo bem, de repente os sintomas e não se sabe o depois.
Perdi algumas pessoas pra essa doença, mas ela também perdeu porque outros meus a venceram.
Seguimos nesse combate.
Sem muita certeza do poderio de nossas armas e sem saber quem e quando será o próximo atingido, a próxima baixa...
Mas pensava eu...
No fundo não foi sempre assim?
A vida sempre foi e é um sopro
A qualquer momento podemos ir ou os nossos de repente se vão e ficamos nós, com os vazios...
Estou há quase 2 meses em casa, de quarentena e nunca antes na minha vida perdi tantos... e disse tantos "meus sentimentos" como nesses tempos...
Eu sei que esse é o fim de todas as nossas histórias, a gente sabe desde que nasce que um dia vai morrer, mas é difícil aceitar, cada pessoa não é um número, é um amontoado de histórias, de causos, de amores, desamores, encontros, desencontros, risos, lágrimas, tantas coisas... e em um sopro restam apenas as lembranças nos corações e na memória dos que ficaram...
PRISCILA KLESSE
*escrito em 02 de maio de 2020
"(...)Fazer as pazes com a morte", acho que é isso mesmo o caminho da libertação real. Não que seja fácil firmar nesse pensamento. Somos cheias de sonhos, vivemos querendo construir um amanhã melhor...Mas acho que quando aceitamos a ideia de que esta vida, neste plano, de repente tudo acaba e ficamos bem com essa ideia é pq conseguimos desapegar de tudo, e aí não tem pressão, não tem que atender expectativas, não tem obrigação, só viver cada dia, viver o presente, cada momento, intensamente.
ResponderExcluirPerfeita colocação. Um desafio, mas penso que se conseguirmos encontrar esse desapego, não significa que não ficaremos tristes, mas entenderemos que é o desfecho certo da vida, e no fundo está tudo bem assim.
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